Lyric

O bosque dourado falou comigo

Com a língua alegre do bétula a brilhar

E os guindastes, passando tristes

Já não lamentam ninguém ao passar

Quem há de lamentar? Cada um é viajante

Passa, entra e de novo deixa o lar

Todos os ausentes sonham no canavial

Sob a lua ampla, sobre o lago a cintilar

Estou só no meio da planície nua

E o vento leva os guindastes para longe

Minha mente cheia de memórias da juventude

Mas do que passou, nada em mim se esconde

Não lamento anos desperdiçados em vão

Nem a flor lilás da alma a florescer

No jardim arde o fogo da viburna

Mas ninguém ele consegue aquecer

Os cachos da viburna não se queimam

A erva não some de amarelo ou tom

Como a árvore deixa cair silenciosa suas folhas

Assim deixo cair palavras de solidão

E se o tempo, varrido pelo vento

Juntar tudo num montinho sem valor…

Diga apenas que o bosque dourado

Falou com sua língua de amor