Lyric

As estrelas são buracos no teto

Do banheiro sujo do bar do gueto

Trocados caídos do bolso de Deus

Quando tropeçou, bêbado, entre os seus

Lâmpadas mortas, sem substituição

Sobre a cama do cosmos, em podridão

Caspa de espaço cai na escuridão

Da cabeça suada da criação

Galáxias são clipes espalhados

No chão que ninguém tem varrido

Grãos de sal de um balcão esquecido

Depois que o turno da noite tem ido

Pregos enferrujados no caixão

De um universo em decomposição

Queimaduras no pano do tempo

Cobrem o mofo do firmamento

Olhamos pra cima buscando razão

No lixo que o mundo já disse não

Criamos deuses entre os detritos

E acendemos sonhos extintos

Mas essas luzes não vão nos salvar

São manchas no vidro, vão nos deixar

O universo só vai se expandir

E tudo um dia vai sumir

Andamos por estacionamentos

Sob céus frios, sem sentimentos

Contamos poeiras esquecidas

Enquanto secam nossas vidas

As estrelas não ligam pro nome

Nem pros mapas que o homem consome

São fiapos no bolso celeste

Que ninguém jamais limpa ou veste

Mas pra quê, no fim, tudo importa?

Se tudo ao pó sempre retorna?

As estrelas vão seguir queimando

Mesmo que a cidade vá desabando

Somos só faíscas no silêncio

Parasitas com nosso delírio

Achando que somos eternos

Num campo de estrelas tão frio

Brindamos sob pixels mortos

No monitor dos céus distorcidos

Erguemos copos pra fungos cósmicos

Que brilham com falsos sentidos

Dançamos no ritmo do caos

Enquanto o mundo inteiro cai

As estrelas são lixos deixados

No carrinho do cosmos sem pai

Olhamos pra cima buscando razão

No lixo que o mundo já disse não

Criamos deuses entre os detritos

E acendemos sonhos extintos

Essas luzes não vão nos salvar

São manchas no vidro, vão nos deixar

O universo só vai se expandir

E tudo um dia vai sumir

Essas luzes não vão nos salvar

São só faíscas a nos enganar

O universo vai se expandir

E tudo... tudo vai partir