Lyric

Tenho um coração como flor-satélite

Captando ecos onde nada se admite

Vibrações pousam onde a razão não vai

Era sombra ou pólen que o vento traz?

A sensibilidade corta feito vidro na pele

Sinto olhares que ninguém percebe

Intuição gira numa roda sem som

Desenha segredos que o mundo escondeu

Amor e medo assinam o contrato

No meu cérebro — será que me acho?

Sinto demais, depois não sinto nada

Pensei que era o fim — só a primeira onda passada

Ooh… mente dança entre pulso e vazio

Meio afinado, meio no frio

Talvez o equilíbrio seja só invenção

Ou o compasso que se aprende na canção

O entorpecer bate com luva de veludo

Traz silêncio que quase escuto

Mas sinto falta dos sinais no ar

Ela era farol — achei que era só lugar

Sensibilidade: vigia na torre

Vê a onda antes que o céu escorre

Intuição: bússola sem direção

Move meu passo quando a fala não

Não são guerra — são um coro trançado

Três pulsares no mesmo cabo

Não me dividem — me afinam, me guiam

Motores que sentem e sobrevivem

Chama de radar, de fio, de escudo

Cada um guia num campo oculto

Tem dia que sinto, tem dia que sei

Tem dia que só me deixo ir, como achei

Quando sinto demais, viro o mar aberto

Quando não sinto nada, sou letreiro deserto

Mas se vibram juntos, como jazz no ar —

Eu pulso, eu vejo, consigo respirar

Sinto demais? Viro canção

Sinto de menos? Sou flutuação

No ponto certo? Eu fico, eu sou

Intuição com borboleta que pousou