Lyric

À luz da lamparina, desenrolo meus dias em papel

Reviso com cuidado os rios, o traço é sutil e fiel

Com tinta calma, redesenho a costa do que eu quis

E apago as cidades onde a tua memória ainda diz

Cada rua, cada nome, escolho ocultar com precisão

Na maré silenciosa da minha própria cartografia em vão

Ah, me perdoa se meu mundo encolheu assim

Mas ouve esse eco, vem de trás do jardim

Era lindo o som da cidade que a gente criou

Mas o silêncio canta algo novo, um tom que ecoou

E eu estou ouvindo

Agora, eu ouço enfim

Um planeta escapa da sua órbita habitual

Como penas de outono deixando o verão no final

Senti outro peso, uma gravidade que me atraiu

Uma história escrita em idioma frio e sutil

O silêncio é bênção

Uma verdade que nunca me traiu

E não me culpo por meu mundo encolher, afinal

Você vai entender mesmo que seja o adeus final

Era lindo o som do reino que existiu

Mas o silêncio constrói outro palácio sutil

E eu caminho só

Por essa rua gentil

Que fique escrito: meu mundo é feito pra um

O último capítulo quando os outros se vão, nenhum

Era um belo mito, que um dia acreditei

Mas o silêncio é a verdade que encontrei

Meu caminho é um só

E não sofri

Enfim, me libertei